Uma alma vivíssima

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Alma Viva

Almaviva, um dos vinhos ícones do Chile, conhecido e respeitado no Brasil, tem um enólogo discreto, tímido e completamente anti-estrelismo: Michel Friou. Ele é francês, mas vive no Chile por décadas, trabalhou longamente em outro big name, a Casa Lapostolle, de onde saiu para dirigir Almaviva uma década atrás.
Fui almoçar com ele, que tinha trazido 4 safras para degustação, espécie de teaser para a safra nova que chega este mês ao mercado, a 2014.

A empresa foi criada numa joint-venture entre os Rothschild (do Mouton) e a Concha y Toro, em 1997. Curiosamente Friou trouxe um 1996, nascido antes do lançamento oficial do vinho (os vinhedos estavam lá, vinhos teste eram feitos). E 3 safras de anos frios, 2007, 2011 e 2013. A primeira, 1996, era um vinho de Bordeaux feito no Chile (isto é um elogio), evolução brilhante na garrafa, vivo, extraordinário.
A garrafa seguinte oferecia um vinho maravilhoso, austero mas pronto para beber, com toques chilenos, como aqueles traços verdes agradáveis da Carménère quando em pequena proporção no blend. Minha safra favorita foi 2011, sério, muito equilibrado, fino, ele sorriu educadamente quando disse que era o Lafite dos Moutons (falta de tato minha, admito). Ainda tem anos de vida pela frente e vai ser um dos grandes, com certeza. A de 2013 era mais aberta, sem mistérios, embora grande vinho também. Friou brincou que na de 1996, da qual não participou, levava Merlot, que depois não entrou mais no corte (era uma piada, pois naquela época se pensava que a Carménère era Merlot, a verdade só foi estabelecida depois, pela ampelografia).

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